O custo da energia é hoje um dos temas mais abordados no nosso dia a dia, quer seja pelo impacto direto no nosso quotidiano – com os constantes aumentos da eletricidade e gás, – mas também de um modo indireto, pelo seu contributo no aumento da inflação.

A nível mundial, a conjuntura atual levou a que chegássemos a esta situação, provocada em boa parte pela guerra na Europa. No entanto, temos motivos de esperança, uma vez que a resposta à crise energética está no topo das prioridades, quer de Portugal, quer dos restantes parceiros europeus.

Portugal tem algumas vantagens relativamente a muitos outros países, quer seja na eletricidade, quer seja no gás. No que diz respeito à eletricidade, pela aposta no passado em energias renováveis, sobretudo eólica, mas também solar. Apesar de se ter verificado, no último inverno, uma redução drástica da chuva com grande impacto na geração hídrica, onde a produção hidroelétrica vai certamente ficar abaixo dos valores normais, conseguimos ultrapassar esta situação sem ser necessário voltar a recorrer ao carvão para gerar eletricidade, ao contrário do que foi decidido em outros países europeus.

Em relação ao gás, também ao contrário de outros países europeus, onde se destaca a própria Alemanha, Portugal não está a sentir dificuldade acrescida no que diz respeito ao abastecimento, pois temos a possibilidade de nos abastecer por Gás Natural Liquefeito, que pode ser feita através de navio – com origem de qualquer parte do mundo, apesar de ser uma solução mais cara do que o gás natural em rede. Esta vantagem de Portugal e também de Espanha deve-se a que no passado, a Península Ibérica – por ter falta de ligações com a Europa- acabasse por construir mais terminais para tratar o Gás Natural Liquefeito, em comparação com a Alemanha e outros países europeus que recebem gás sobretudo através de gasoduto com a Rússia.

Apesar de Portugal não ter, para já, um problema de fornecimento de energia, seja eletricidade, seja gás, como referido anteriormente, tem sim o problema que se reflete no impacto do preço, pois nesse ponto não há escapatória e somos forçados a suportar o impacto, que em algumas situações já cifra em aumentos na ordem de 700 ou mesmo 800%.

A área da saúde não fica imune a esta situação, os hospitais são edifícios consumidores intensivos de energia, devido à sua grandeza e especificidade, tais como requisitos de conforto térmico e de qualidade de ar interior. Em termos hospitalares, os impactos desta escalada de preços da energia vão muito além dos custos diretos do gás e eletricidade, pois também afeta os custos de outras prestações de serviços, em muitos casos subcontratados, como seja a prestação de serviços de tratamento de roupa hospitalar, o fornecimento de alimentação ou mesmo o tratamento de resíduos e de dispositivos médicos.

No que diz respeito ao custo da energia, a área da saúde pouco pode fazer além de tentar negociar da melhor maneira os seus contratos de aquisição de energia. No entanto, muito poderá ser feito através do investimento em energias renováveis e aumento na aposta da eficiência energética, promovendo um uso mais controlado da energia.

Tendo em consideração que os investimentos nesta área são bastante avultados, o setor da saúde não pode deixar de aproveitar as oportunidades criadas pelo PRR, sendo que, neste particular,  o SUCH tem colaborado com muitos dos seus Associados na preparação de candidaturas no âmbito da eficiência energética, com aconteceu no passado, no apoio nas respostas aos avisos do POSEUR e mais recentemente no aviso do PRR – “Investimento TC-C13-i02 – Eficiência Energética em Edifícios da Administração Pública Central”, onde estão previstos cerca de 240 milhões de euros, sendo expectável  que grande parte dessa “fatia” seja direcionada para edifícios da esfera hospitalar.

Estamos inseridos num mundo cada vez mais globalizado, onde a população mundial já ultrapassou os 7,88 bilhões. Sabemos que não podemos mudar o mundo sozinhos, mas acreditamos que, individualmente, cada um de nós poderá fazer a diferença, alterando os seus hábitos e comportamentos, promovendo assim, um pequeno contributo para reduzir o impacto desta crise energética, nem que seja apenas para um uso mais controlado e eficiente da energia.

 

 

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