Ana Maria Nunes | Vogal do Conselho de Administração do SUCH

 

É conhecida a frase «informação é poder». Mas mais importante que a “informação” é certamente o “conhecimento”, sendo que qualquer um dos dois tem pouco valor quando não podem ser facilmente encontrados e colocados em aplicação.

Todas as Organizações geram um grande volume de informação, de que são exemplo procedimentos, manuais, propostas, melhores práticas e a experiência dos próprios colaboradores, que se não for estruturada acaba por ser desperdiçada, não passando de um mero repositório ou até eventualmente perdida.

A globalização, que trouxe um aumento da concorrência e da velocidade do negócio à escala mundial, a par com o também cada vez mais competitivo e desafiante mercado nacional, determinaram a necessidade de as entidades se organizarem, passando a capturar, distribuir e usar a informação, transformando-a em conhecimento.

A esse processo chama-se “Gestão do Conhecimento”, conceito com origem na década de 1990.

Porém e como tem vindo a acontecer na maioria das Organizações, também a nossa história da “Gestão do Conhecimento” tem evoluído condicionada pela própria história de vida do SUCH, feita de sobressaltos e outras tantas “vitórias”, a par da sua complexa e evolutiva moldura jurídica e organizacional.

Deste modo e ainda que há muito o SUCH tenha reconhecido esta matéria como crucial, enquanto ferramenta estratégica para a melhoria da competitividade e do desempenho, da inovação, da tomada de decisão, da motivação e retenção dos colaboradores, bem como da eficiência das operações, nem sempre foi possível dedicar-lhe a atenção merecida.

É disto exemplo o período não muito distante e deveras conturbado vivido pela Associação, em que a sua natureza, missão e relação com os Associados, fortemente ameaçadas, colocaram em risco a sua própria existência, determinando que todos os esforços, naturalmente, se orientassem e conjugassem em torno da sua (re)construção /sobrevivência, de regresso à sua matriz original e sustentabilidade económico-financeira.

E enquanto percorria este caminho, o SUCH foi sofrendo uma severa descapitalização dos seus Recursos Humanos, numa altura em que o mercado se apresentava, mais do que nunca, competitivo, tendo aberto aquilo a que, sem pudor, podemos chamar de “crise do conhecimento”, com a saída de elementos-chave para a concorrência, por via da oferta de condições laborais mais atrativas.

Mas como em todas as crises, também esta se revelou como uma oportunidade. E à medida que a situação se vem estabilizando, com a consolidada e até reforçada presença especializada do SUCH na Saúde em Portugal, começou a ser possível reorientar o leque de prioridades, passando a integrar, agora com o destaque e importância merecidos, a retoma estratégica da Gestão do Conhecimento na Organização.

Não obstante, neste permeio e meandros do percurso, algum do caminho foi sendo percorrido, potenciando no SUCH, ainda que de forma mais intuitiva e isolada, os primeiros passos para a aprendizagem:

– Do “Saber Fazer”, quer na valência das “competências, conhecimentos técnicos”, quer na das “boas práticas”;

– Do “Saber Estar”, enquanto Saber associado às competências comportamentais do trabalhador, tanto numa dimensão interna, através do seu relacionamento com a respetiva equipa ou com outros Serviços SUCH, como numa dimensão externa, mediante a sua interação com o Associado/Cliente ou com o fornecedor;

– Do “Saber Ser”, traduzido no conhecimento da História do SUCH, compreendendo a sua missão, os seus valores e qual o seu papel no Serviço Nacional de Saúde, por forma a assumir um comportamento que refletisse esse conhecimento, sentindo-se integrado numa equipa que comungava de uma mesma cultura.

Com efeito:

Os vários Serviços foram-se organizando e colocando em prática algumas estratégias de transmissão e retenção de informação, designadamente através de um acompanhamento próximo dos trabalhadores recém-admitidos, os quais apenas passariam para o “terreno”, após o cumprimento de um período de aprendizagem com os elementos com maior antiguidade da equipa.

E foram sendo adotadas algumas medidas, agora de aplicação vertical, designadamente:

– A celebração de “pactos de permanência” com os trabalhadores que beneficiassem de formação financiada, garantindo-se um período mínimo de fixação desse conhecimento no SUCH e potenciando a sua transmissão;

– A aposta no Formador Interno, reveladora da valorização do acervo de conhecimento existente na Casa, assim como a profissionalização da Formação, através da criação e certificação da Academia SUCH, autonomizando este Serviço e atribuindo-lhe coordenação e competências próprias;

– Já mais recentemente, a inclusão no Plano Estratégico do SUCH 2018-2020, da iniciativa específica: Gestão do Conhecimento / Promover as boas práticas para a prevenção dos diferentes tipos e níveis de risco (Iniciativa 10.96.RH do OE10);

– A implementação de um conjunto de práticas no contexto dos Sistemas de Informação, do sistema de gestão documental do SGI, da Intranet, da Internet, da Academia e de iniciativas como o “Encontros Saberes (SCT)” ou mesmo as Jornadas SUCH.

Mas a verdade é que todo este (relevante) trabalho até agora desenvolvido, ainda não reflete uma política consolidada, agregadora e transversalmente definida, fundamental numa entidade com o perfil do SUCH, que integra cerca de 3.500 trabalhadores, 14 áreas de atividade e atua de norte a sul do país.

Razão que, mais uma vez, motivou o Conselho de Administração a ir mais além, agora, através da Deliberação n.º 2020/037, constituindo uma Equipa de Trabalho «… no sentido de (…) proceder ao diagnóstico das necessidades, propondo uma Política de Gestão do Conhecimento SUCH, com metodologia e cronograma de implementação associados».

Na sequência, foi aprovada pelo Conselho de Administração a “Política da Gestão do Conhecimento”, encontrando-se em execução o “Plano de Ação da Gestão do Conhecimento no SUCH”, o qual está a ser conduzido pela referida Equipa, sendo que o envolvimento de cada um de nós na construção e implementação deste modelo, é essencial para o sucesso do projeto, em particular porque este é um tema que, mais do que outro, envolve pessoas!

E que convictamente nos conduzirá a novas e sistemáticas iniciativas de enriquecimento e consolidação desta causa no SUCH, sempre na linha do que defendia o escritor e conferencista motivacional norte-americano John Maxwell – «as pessoas defendem o que elas ajudam a criar».

Para tornar o SUCH mais forte, mais resistente, mais competitivo, o contributo de cada um de nós será, pois, determinante, na definição do que é SER SUCH, aprendendo, vivendo e passando para o exterior a sua razão de ser.

 

Ana Maria Nunes | Vogal do Conselho de Administração

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